Sunday, November 12, 2006
Boa tarde a todos. Ou boa noite... ou bom dia...
Enfim, hoje é dia 12 de novembro. Um bom dia para postar a nona parte da história dos Zuagires e seus negócios bizarros. Prometo que está quase no fim, ok?
A Missão de Resgate
A princesa escutava o som cadenciado das estalactites e suas goteiras sem fim. Já se passara muito tempo que não via o sol. Estava se sentindo da mesma forma que se sentia em casa, enclausurada, e o sabor de liberdade que aquele cativeiro entre bandidos já esvanecera da boca. Lamorac surge diante da cela: -Guerreira... dona “princesa”.... parece que vamos ter que dar uma saída agora. Espero que vocês se comportem. Deixarei dois homens de minha absoluta confiança aqui com vocês. Não terão problemas com invasores nem insetos por aqui então relaxem e aproveitem. Estaremos todos de volta antes do amanhecer. -Não queria ser chata, mestre zuagir, mas quando você pretende nos soltar? -Ah, Kitana... soltar vocês... esperem eu voltar e conversaremos sobre isso, certo? Com licença. O pirata e seus lacaios saíram deserto afora, então. As duas garotas ficaram na cela, confortavelmente enclausuradas enquanto os Zuagires cavalgavam o deserto em busca das pessoas que estavam atras deles. Um informante avisou o grupo de piratas que uma equipe de busca estava fazendo perguntas em Aratrustra e que levavam o brasão do Vale das Névoas. Lamorac não perdeu tempo pensando bobagens e foi direto para a cidade dos ladrões. Os Zuagires chegaram em Aratrustra no início da tarde. Um de seus colaboradores residentes já se prontificou a indicar a hospedaria onde estavam os cavaleiros. Lamorac sorriu com um olhar venenoso e ordenou a seu grupo que fizesse o que chamava de “cama de gato” com os cavaleiros do Vale. Na estalagem onde os homens de Halder faziam sua refeição havia um burburinho constante dos nativos presentes. O paladino estava incomodado com algo que não conseguia classificar, um sentimento estranho de eminência que jamais sentira. Não conseguia comer. Foi então que as portas se abriram e tanto do fundo do salão principal da hospedaria quanto da porta frontal que dava para a rua, entraram em torno de vinte Zuagires armados de espadas e arcos curtos. O balconista entrou por baixo do balcão em alguma porta secreta e desapareceu. As pessoas que a pouco cochichavam pelos cantos agora haviam se levantado e saíam pelas portas, passando pelos Zuagires coniventes. Logo haviam apenas os Zuagires cercando uma roda de cavaleiros assustados de armas em punho. O bardo era o único que não havia se movido, e continuava tomando seu vinho quente. Mordia as fatias de frutas que boiavam na bebida, e quem estava na estalagem poderia ouvir o som das mordidas a dez metros, tamanho o silêncio no recinto. Foi então que um dos Zuagires falou: -Pode entrar, senhor. Nenhum deles porta arco ou besta. E do alto da escada abriu-se a porta por onde entrou Lamorac, o Madalan do Zuagires de Kuthar. Halder então entendeu seu estranho sentimento. Lamorac não tinha um olhar calmo naquele momento. Ele estava nervoso com uma dúvida. Iniciou o diálogo: -Cavaleiros do Vale das Névoas perdidos em Aratrustra, no meio do Deserto de Kuthar... e sua visita se deve a algo que não seja a hospitalidade de nossas tavernas, presumo. Halder foi cauteloso e apenas articulou o necessário: -Não vim para conversar com ratos do deserto, com certeza. E como pode ver também não estou aqui pela comida. Porque nos cercam assim tão traiçoeiramente? Lamorac percebeu que seria uma conversa difícil, e não o interrogatório comum que faz com os viajantes do deserto. -Quem faz as perguntas por aqui sou eu, cavaleiro. O Vale das Névoas não tem nada que vir atravessar esse deserto e muito menos visitar nossas cidades. Vocês já costumam usar as rotas orientais para evitar nossas cidades. Não querem negociar conosco. Alegam que somos sujos e deixam nossas cidades apodrecer sem suprimentos. Achei que era consenso por parte de ambos os povos não nos relacionarmos. Me enganei, pelo que vejo. Me dêem um motivo para não pelá-los vivos. Halder sabe ouvir. Pelá-los seria o mesmo que viram com os anões secos do deserto. Teve certeza que estava falando com a pessoa certa, mas preferiu a cautela. -Bem, mestre Zuagir. Meu nome é Halder Bluebanner, cavaleiro da ordem de Péleas e um humilde servo da justiça. Não é minha intenção mais do que cruzar o deserto e devolver este bardo aos cuidados do reinado de Kalinor. Espero que minha idéia de cortar caminho pelo deserto não tenha sido um erro fatal. Lamorac viveu centenas de anos e já ouviu milhares de conversas. Sabe que os Cavaleiros de Péleas participam de uma ordem que preza a justiça e a verdade. Não ouviu falar em nenhum de seus integrantes tenha mentido. Porém a confiança cega em estranhos nunca foi um defeito do Madalan. O bardo continuava impassível comendo seu pão com sopa enquanto todos no recinto sentiam o sangue bombear pelos membros tensos. A pressão no ambiente era tão grande que podia-se ouvir o tempo passando pelas frestas da madeira na parede. A menção de Kalinor bastou como prova de que aquele grupo buscava a carga roubada pelos Zuagires. O grupo pequeno poderia corroborar na veracidade do relato feito pela “dublê” da princesa... mas aquele paladino incomodava Lamorac. -Se querem cruzar o deserto deveriam parar de perguntar sobre os Zuagires sempre que podem, como têm feito, cavaleiros. Podem seguir sua viagem. Mas se nos encontrarmos novamente haverá sangue e morte suficientes para que você veja que atalhos do deserto apenas são um caminho mais rápido para o túmulo.
//////////////////
Espero que tenha sido uma boa leitura.
PUM!
- publicado às 10:49 AM -
|