Saturday, December 09, 2006


Vento



Difícil esquecer o que me aconteceu esses dias atras, amigo. Nem sei como começo a te contar. Acho melhor começar pelo início.

Era alguma coisa em torno de dez e meia da noite, não sei bem ao certo. Não levei relógio. Faz algo como duas semanas. Como estava em casa cansado de ficar entre quatro paredes botei meus sapatos e fui dar uma volta na quadra. Havia chovido umas horas antes, então o tempo estava fresco.

Depois de uns cinco minutos de caminhada resolvi sentar-me num dos bancos daquela praça que tem um lago no centro. A iluminação estava razoável o bastante para ver tanto o céu quanto o fim da rua. Foi então que uma leve brisa morna começou a soprar. Mas se a noite estava fresca, de onde vinha aquela brisa, me perguntei. Será que o calor do dia resultou em um mormaço ou coisa assim? Mas sabe, foi o que pensei na hora. Nunca que eu ia imaginar aquilo.

Juro que depois disso eu ouvi meu nome. Eu estava sentado, apoiado com as mãos no banco deixando minha cabeça pender para trás, para ver melhor o céu e sentir melhor o vento, e ouvi meu nome. Como um suspiro aos meus ouvidos. Baixo e sinistro... longo e calmo.

Primeiro procurei quem tinha falado aquilo, mas não tinha ninguém ali, e juro por Deus que o suspiro tinha falado ao pé do meu ouvido. Aquilo me arrepiou até o último fio de cabelo.

Pois não é que enquanto eu estava ali, parado com minha cara de medo, a voz falou o meu nome de novo? Dessa vez não tive dúvida. Eu estava olhando para o lado certo e juro para você que não havia ninguém ali.

Levantei num pulo mas não consegui pensar em nada para falar. Só fiquei em pé, com os braços armados esperando algum sinal para sair correndo. O vento morno continuou soprando esse tempo todo. Mas o mais incrível vem agora. Senti aquele vento nos meus cabelos e não é que era como uma mão com cinco dedos que passava pela minha cabeça? E falou o meu nome de novo!

Aquilo foi o suficiente para mim. Saí correndo na hora.

Quando estava na metade da quadra de cima correndo feito o diabo corre da cruz, ouvi um som de vento balançar as árvores do parque e uma voz, como o assobio do vento, gritou o meu nome de novo. Nunca na vida corri tanto.

Hoje eu sei que foi exagero meu. Isso acontece comigo quase todos os dias quando passo no parque. No começo eu ficava assustado, mas hoje para mim é bem comum. Até já respondo a voz. Como te disse, agora é bem comum para mim conversar com o vento.



 


- publicado às 9:55 AM -


Thursday, December 07, 2006


Pra quem não visitou o http://olhoseternos.blogspot.com/ segue aí
o que acabou sendo postado por lá. Foi uma boa surpresa ver isso
publicadonaquele blog. Mesmo.

Onde os Espelhos Não Mentem



Olhou para o espelho por muito tempo. Sua vista começou a se tornar confusa de tanto tempo que fitou o vidro de se ver. Esperava encontrar alguém conhecido mas lá estava aquela pessoa estranha. Olhando para ela como quem a conhece, mas quem era aquela pessoa? Quer dizer, devia ser ela, já que se movia da mesma forma... já que estava no espelho... mas não era ela.

A luz do banheiro mudou e os sons da rua desapareceram. Apoiou as mãos na pia no mesmo instante que a imagem o fez. E então tocou seus lábios no mesmo instante que a pessoa no espelho. Sem saber quem era aquela pessoa.

Estranho demais, mas o olhar no espelho parecia conhecê-la, mas ela não sabia quem estava ali. Era angustiante demais.

Foi então que o sol se pôs e a luz foi embora. Foi então que percebeu que sem aquela luz ela mesma não existia, não podia se ver ou saber onde começava e onde terminava. Foi então que percebeu que era ela o reflexo no espelho.

A luz então se apagou. A estranha foi embora sem jamais notar um rápido instante de agonia em seu reflexo, que desapareceu de forma tão cotidiana.



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- publicado às 6:56 AM -


Wednesday, December 06, 2006


Nem tudo que rima fica bem.
Nem tudo?
Bem, eu que sei. Olhem pra esse verso,
de um eu-lírico boêmio e definitivamente
nada auto-biográfico:

O Porre de Ontem



O porre que eu tomei ontem

Jamais posso esquecer

Caí de cara na privada

Pensando beijar você



---------PUM------------ 


- publicado às 6:53 PM -


Tuesday, December 05, 2006


Parece que finalemente estão vendo a verdade inegável:
eu não faço sentido algum.
Então um brinde a todos que assim pensam!

O Fim do Tempo



E ali estavam os dois, à beira do fim do tempo. Nada mais fazia sentido além daquele abismo. Ele já havia ido o mais longe que podia, mas ela... ela ainda queria mais. O mundo e as suas formas já havia desaparecido. O que... anos atras? Difícil saber estando assim tão perto do fim do tempo.

Estranhamente se podia notar que todos os tempos acabavam ali. Tanto o passado quanto o futuro se encontravam ali. E o presente era o único que ainda parecia resistir. Um presente nebuloso, sem passado e sem futuro. Uma dúvida corroendo os dois. O que há além do fim do tempo?

Uma voz então se fez ouvir, mas o que ela dizia era esquecido assim que dito, como se fosse a tanto tempo que nem mesmo as palavras eram as mesmas mais.

Ela então pisou naquele imenso vazio. Urgente como todo homem quando se trata de sua mulher, ele também foi. Seguiram para aquele lapso. E lá então encontraram a resposta final. O fim do tempo e todas as coisas que existiram em suas faces. Seus ecos e suas sombras. Suas formas e seus volumes. Tudo em um instante eterno.

Desapareceram para sempre no sempre que deixou de existir. Então foi o fim do tempo e ali mesmo o para sempre acabou para os dois.

...

..

.



 


- publicado às 6:49 AM -




Algumas vezes parece que perco o sentido.
É nessas horas que eu faço sentido.

Pena que a maior parte do tempo eu tou
confuso demais pra ver isso.

Bem, no fim das contas já vi gente bem mais
confusa que eu.

Todos estavam amarrados e levando choques
sob forte medicação.

Heh... que bom que não é comigo.

PUM!


- publicado às 6:43 AM -


Monday, December 04, 2006


Porcaria... eu nasci em 1978.

Não era pra ser nada demais...
Porcaria, tem gente que arregala os olhos:
"28??? Não acredito! Nem parece"

Meu, eu só tenho 28! Porque eu tive que ouvir
"Isso é Metallica? Legal! Meu pai ouve isso!"

MERDA!!! Era Orion!!!
"Não tem voz?"

Quero muito que o Likin´Pak e o Limpe-biskit
sucumbam!
Merda! Será que a meta da molecada de 14 anos
é fazer a gente se sentir com o dobro da idade deles
ou com o dobro da idade da gente???
Cara, Black Sabath é Black Sabath, ninguém precisa
fazer escândalo porque não tem samples ou
scratchs! Meu, o cara comeu a cabeça da porcaria do
morcego! E a geração deles morria de overdose! Cara!
E ninguém forrava o rosto de piercing pra parecer
extremo. Não precisava! Mas porque hoje maquiagem
preta é rebeldia? Porque repicar o cabelo é ter
atitude? Onde, bom Deus, estão as boas coisas que
resistiram 30 e tantos anos até o new metal e essa
porcaria de rock poquet pós grunge que infesta as
camisetas pretas?

Tá, parei.
Mas, cara, não é fácil ver que estão pondo cada vez mais
água na receita dos jovens.

Cada vez mais água.
Que saudade do James Brown...


- publicado às 12:32 PM -




Sei lá, vou começar com essa merda e desbaratinar....

Putz! Acabei de ver que minha playlist é um caos.
Acabou de tocar minha imensa lista de Misfits e BUM!
Caiu um Radiohead!
Porcaria, nada a ver.
Agora tá tocando Bad Religion e a próxima é Minor Threat.
O que me lembra que preciso baixar Fugazi. Alguém aí já
ouviu? É coisa boa, rapá!
Mas, pra não dizerem que sou um maldito imperialista, tem
coisa falada em língua latina aqui sim.
Tá certo que Isla de Encanta é do Pixies, mas é español!
Depois tem o Bidê ou Balde. O Cazuza aparece pelas tantas,
e o Cólera fecha o assunto.
Se tem relação entre uma banda e a outra?
Não sei.
Que se exploda.
Falando em explodir...

PUM!


- publicado às 12:25 PM -




Puxa-saco uma pinóia! 


- publicado às 6:27 AM -




Blogs e Monstros

Gosto de visitar os blogs dos amigos.
Basicamente são tres blogs e meio.
Um é o linkado aí do lado, de posse da Amanda, que gosta
de escrever reflexões cotidianas e de quem pode se sacar
um bom tanto pelos referenciais musicais. É uma leitura
bem agradável.
O outro é da Daiani. Gente boníssima que conheci por
intermédio do namorado Willian. Escreve poucas vezes mas
quando faz é interessante porque, na minha opinião,
são coisas que você pode perceber que estavam precisando
ser escritas. Acabam levando junto um monte do carinho
que a autora tem dentro de si. Quem não gosta de carinho?
Aí tem o blog do meu pai. Reflexões sobre um mundo caótico
onde o caos é formado por diversas ordens conflitantes.E
quando você pensa que é tudo sobre política o cara espirra
uma poesia do Pessoa e te deixa cabreiro. Finalmente quando
você acha que tá entendendo, ele publica versos de próprio
cunho. Bom, é meu pai. É sempre bom ler porque é ele e suas
visões que estão ali. E pessoal, ele enxerga longe!
O meio blog é o abandonado Ócio das Horas, da auto-exilada
Ana Guadalupe. Auto-exilada porque ela parou de publicar um
blog que era bem maneiro. Bastante diferente do tipo de coisa
que eu escrevo, e exatamente por isso bem mais fácil de ler.
O que não quer dizer que seja tudo fácil de entender.
É isso. Só queria dizer que tenho me divertido bastante com
essa parada de blog e coisetal. Recomendo que seja feito quando
você se sente como se o mundo fosse regido por opiniões idiotas.
Os blogs as vezes são a única leitura sadia que se tem por dias.
Afinal os jornais estão cheios de vermes deitados como letras que
nunca dizem o que deviam dizer: que estão devorando a carne
desse mundo podre.

Ou não.

Hoje ao som de Misfits - Living Hell
e Glenn Danzig - Possession


PUM!


- publicado às 6:24 AM -


Sunday, December 03, 2006


Cinzas às cinzas



Agradecer por estar vivo

Agradecer por este corpo perfeito

Agradecer por ser tudo

Agradecer pelo que bate no peito



Agradeço ao Pai

Do fundo da alma

Ter-me dado o amor

E me tomado a calma.



 


- publicado às 6:07 PM -


Saturday, December 02, 2006


O Deserto de Kuthar



A oeste das infames terras de Damascia existe uma desolação árida onde nada cresce ou brota. Apenas um vento seco passa por todo lugar levando embora qualquer umidade junto com a esperança dos que por lá acabam encontrando a senhora dona Falta de Sorte. Este lugar leva o nome de Deseto de Kuthar

Elondir e Adivair estavam perdidos naquele inferno de areia e sal, deixados ali para morrer, pelo grupo de bandidos do qual faziam parte. Os lábios rachando com a falta de água e as pernas cansadas de andar em círculos eram o aviso para os abutres baixarem seu vôo cada vez mais.

-Estamos perdidos, Adivair! Nada nos salvará dessa desgraça! Sinto muito, mas vou ter que te matar para beber seu sangue e comer sua carne. Assim ao menos eu poderei escapar desse lugar maldito.

-Sinto muito, Elondir, mas não posso permitir.

Os dois ladrões iniciaram uma luta frenética, valendo-se de suas adagas, pelo privilégio do prolongamento da agonia que se tornou viver. Porém, quando as facas estavam prontas para findar ambos em um duelo insano, ambos avistaram um ponto no horizonte. Pararam a luta e esperaram, até que o ponto se tornasse um homem montado em um belo cavalo.

Como miragem, trazia as capangas lotadas de provisões, água e comida. O cavaleiro estava cruzando o deserto rumo a um acampamento avançado do reino de Bergstrand. Os dois desesperados então interpelaram o cavaleiro vestido para batalha.

-Ó, bom homem! Estamos os dois perdidos nesse deserto maldito! Dê-nos um pouco dessa água, dessa comida, ou ao menos uma carona para fora desse inferno!

Foi então que Agrapur, que era o cavaleiro montado, respondeu:

-Eu não. Vocês é que se fodam.

Tendo dito isto, deixou apenas poeira para os dois famintos, e seguiu seu rumo em trote ligeiro. Os dois homens morreram antes do sol se pôr, secos, suas carcaças servindo de abrigo contra o sol para um escorpião e suas pequenas crias, montadas em suas costas.



 Pum


- publicado às 5:46 AM -


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Jão (CheGa De Nomes LONgOs)

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