Tuesday, October 31, 2006


Chamem a mim de um tolo por dizer coisas confusas ou particulares mas uma coisa preciso dizer:
King Crimson é uma puta banda.
A maioria, se não todas as suas letras, são feitas separadamente das músicas, por um cara
que nem sequer toca na banda.
Ou melhor, tocava. A banda surgiu por volta de 1969 e até o Mr.Hendrix, um sujeito aí que
puxava um fumo e tocava um pouco de guitarra, pagava pau pros caras.
Não havia me dado a liberdade de colar letra de música no meu bloguinho, mas se é pra começar,
prefiro que seja com Epitaph. Hurras ao rei escarlate.

The wall on which the prophets wrote
Is cracking at the seams.
Upon the instruments of death
The sunlight brightly gleams.
When every man is torn apart
With nightmares and with dreams,
Will no one lay the laurel wreath

As silence drowns the screams.
Between the iron gates of fate,
The seeds of time were sown,
And watered by the deeds of those
Who know and who are known;
Knowledge is a deadly friend
When no one sets the rules.
The fate of all mankind I see
Is in the hands of fools.

Confusion will be my epitaph.
As I crawl a cracked and broken path
If we make it we can all sit back
and laugh.
But I fear tomorrow I'll be crying,
Yes I fear tomorrow I'll be crying

É isso aí. Depois prometo algo mais felizinho.
PUM!


- publicado às 6:55 AM -


Friday, October 27, 2006


O Surfista Prateado

O infinito do universo é gelado e estéril. Alguns milhões de planetas, alguns milhares com
vida inteligente e algumas dezenas de vidas que pagam pela burrice dos outros zilhões.
 Um titã ancestral de poderes incomensuráveis se alimenta de planetas e sóis. Em sua "vida"
pelo cosmo se depara com um ser único e então nomeia-o como seu batedor. Dotado de uma
angústia ainda maior que os poderes a ele conferidos por Galactus, nasce o Surfista Prateado.
Sua amadaperdida em seu planeta natal pela covardia de homens fracos, seu coração partido
pela desilusão com seus semelhantes.
Só nas estrelas. Lamentando e se questionando sobre razões que nem seu criador tem idéia.
E ele não respira, não tem um coração pulsante nem precisa comer.
Mas não existe nada mais solitário que o Surfista Prateado.
E ninguém que busque mais pela justiça... numa ótica muito mais ampla que a nossa.

Movido pela solidão. Perseguido pela destruição. Marcado pela incompreenção.

Vale uma boa lida.


- publicado às 9:16 PM -




Minha Espera

Era uma tarde abafada de primavera. Sentado na praça, esperava por algo que nem sabia
o que era.
A tarde foi passando e veio a noite. E então uma lua brilhante, cheia, ascendeu sobre
minha cabeça.Fiquei lá, esperando... e a noite foi passando... e veio então a madrugada e
a lua sumiu. As estrelas cravejaram o céu e oscilavam com sua luz serena.
Fiquei lá, esperando... sentado no banco... fiquei...
E as nuvens vieram e cobriram as estrelas. Seu azul marinho profundo viajando como caravelas
no mar negro do céu da noite. Lentamente passando sobre minha cabeça cheia de paciência.
E lá se foram as nuvens embora enquanto eu esperava... mas não vinha.
Não veio. O sol nasceu, e não veio o que esperei tanto. Lá no banco da praça.
Repousei minha cabeça cançada de esperar e então foi que me veio. Como um vento vem
do nada e te desarruma o cabelo, veio-me.
Eu estava esperando uma coisa que nem sabia o que era. Só depois de tanto esperar me
dei conta que eu queria ver a lua, as estrelas, o carrossel das nuvens e
o amanhecer que aquece a noite.
Acho que esperei demais naquele dia. Hoje, quando vier, vou aproveitar mais essas
coisas e esperá-las menos. Até que voltem, vou ficar aquí, neste banco, esperando. 


- publicado às 8:18 AM -


Monday, October 23, 2006


Bem, os textos abaixo são na maioria coisas feitas a uns anos atras, quando eu me dedicava a
escrever com maior frequencia. Olhando o resultado vejo que a qualidade não subiu muita
coisa e nem foi tão boa quanto me lembrava. Mas ainda tenho carinho por estas pequenas
fagulhas de minha mente. O primeiro que você encontra quando rola página abaixo é a Sina
de Heldur. Um conto em dois atos que relata como um simples vigia de uma muralha se
tornou um maldito na Floresta dos Desesperados. Pura injustiça.
O seguinte é O Cavaleiro Escarlate, fruto de uma reflexão nojenta e parte de um outro texto
enorme que produzí recentemente. Jamais será publicado na íntegra.
O terceiro se chama FAKE. Também dos antigos, tenta trazer ao nariz do leitor aquele cheiro
de naftalina que infesta as velhas cartas de amor que você nunca irá jogar fora, por mais que
devesse.
Beto e o Monstro é o quarto texto que você irá encontrar página abaixo. Produzido nos idos de
2003 relata o que um medo infantil esconde de mais sinistro... ou simplesmente que o autor
tem problema.
O quinto texto também veio sem nome, mas é a história de Jacó, um senhor que gosta de
alimentar pombos e guardar boas lembranças.
12 anos foi feito na mesma época que o Beto e o Monstro. Outro exercício de insanidade de
minha parte, mas por vezes devemos lembrar que acontece na vida real... tirando o fim.
O sexto é um horóscopo que peguei em um outro blog faz uma cara... nem lembro qual, mas
não fui eu quem fez. Particularmente não acredito em horóscpo nem em aura ou gnomos, mas
pra quem acredita, taí uma opção de leitura além dos jornais diários.
O sétimo post descendo é na verdade o terceiro que escreví aquí. Só estava me sentindo mal
e queria alguém pra ouvir. Na época não tinha, então ficou no blog. Tinha um antes, muito pior, que eu apaguei. Olhando agora... aff.
E então você encontra o meu primeiro post no blog. Radiante de insanidade e problemas de
coesão e coerência. Um prato cheio (de merda) para qualquer psiquiatra me internar pro
resto da minha vida.
É isso. Na verdade esse blog todo é um grito de desespero por um internamento urgente. Quem
quiser ver como a expressão de um perdido a respeito de um mundo que lhe escapa como areia
entre os dedos, que veja. Quem quiser pular porque tem muita letrinha, que pule. E quem acha
que sou só mais um maluco buscando compreenção, identifique-se comigo.
Que atire a primeira pedra aquele que atira pedra mais rápido.


- publicado às 8:03 AM -




Então é isso, galera. Já estou defecando textos novamente. Enquanto minha nova
"masterpiece" não vê a luz do dia, fiquem com esta preciosidade feita por volta
de 2003 ou 2004... quando o tempo era uma criança.



A Sina de Heldur- Parte 1



Na cidade era tudo silêncio. O vigia batia à porta da guarita, avisando que fazia seu turno final, e tudo estava bem. Então, o outro vigia sai, este entra, e outra rodada de olhos pela noite tem início.

A cidade de Bergstrand fica no norte, passando pela planície branca, a leste do grande desfiladeiro dos Mortos. O nome do vigia da vez é Heldur, veterano de duas guerras contra os povos sinistros do sul. Seu escudo corporal e sua espada longa batem um no outro, fazendo um baixo tilintar ritmado, que induz o vigia a pensar em outras coisas, menos incômodas que a neve que ele pisa e gela suas botas, ou o gosto amargo da cerveja quente feita em casa.

Quando está subindo pela escada íngreme que leva até o palanque da muralha, ele lembra de estar em vigia, e tenta se concentrar em ouvir ruídos hostis. No alto da muralha, sem lampião ou tocha para revelar sua posição, ele olha as estrelas. Numa região tão distante e numa hora tão calma, não há fumaça de chaminé nem luz forte para ofuscar a visão das estrelas. E vendo as mais brilhantes, que formam o Arco de Hagen, ele nota que as nuvens no horizonte estão sendo rasgadas, se desfazendo de seu azul marinho, em um negro veludo estrelado. E de trás de sua cortina, vê que algo voa, vindo do norte, por cima das montanhas brancas, de onde nenhum homem passou. Ele esforça a vista e percebe: é um dragão. Heldur corre para descer a escada, tropeça, e cai dos cinco metros que distanciam a paliçada do chão. A queda desacorda Heldur, enquanto a criatura se aproxima de Bergstrand.

No castelo, onde repousa o sábio Dárion do Vale das Névoas, o silêncio se rompe. O homem erudito, que já leu os tomos esquecidos dos antigos bruxos de Damáscia e da Aquilônia, acorda abruptamente, lançando seu cobertor contra uma montanha de livros pesados, e salta em direção a janela. De alguma forma, ele pressentiu que era hora de despertar. Seus olhos embaçados se limparam em sua túnica rubra, e lhe mostraram a sombra escarlate que cobriria um quinto da cidade com chamas, em dois segundos. Um enorme dragão passou despercebido pelos artilheiros das balestras, e nenhum sentinela alertou os arqueiros sonolentos. E este ser cuspiu sua ira flamejante sobre o armazém, e outras dez casas se incendiaram. O alarme foi geral. Dárion correu para o topo de sua torre, com um livro pesado de capa vermelha a tiracolo, e se pos a gritar:-"Hasturrrr! Hastuuurrr!!!" Com alguns gestos bizarros, um brilho verde brotou de cada um de seus nove dedos (perdera um num acidente com uma cutia encantada de cinco metros), e dardos místicos saltaram como foguetes sibilantes direto nos olhos do gigantesco lagarto alado. O tempo que a criatura passou voando em círculos aguardando o retorno de sua visão, foi o preciso tempo dos arqueiros e dos soldados assumirem seus postos de batalha.

Os arqueiros embebiam as pontas das flechas em óleo para tentar atear fogo na criatura, mas seu couro simplesmente não pegava fogo de forma alguma. Porém, novamente Dárion surge na história, desta vez, flutuando em uma espécie de disco de energia, de uma luz púrpura, quase invisível. E ao seu lado vemos um guerreiro, que salta do alto, caindo exatamente entre a nuca e as costas do dragão. Todos gritam o nome do herói: Kanzer, líder da guarda do cânion das minas do leste. Com sua cruel espada de duas mãos, ele rasga a carne do dragão, incapacitando uma de suas asas, causando assim sua queda. Mas a malícia da criatura tem fins mais ardilosos que os meios que os homens usam para enfrentá-lo, e ele então se vira de costas, para cair em cima de uma casa em chamas, com Kanzer entre ele e o chão. Não que isso ajude o gigantesco ser a sentir menor impacto, apenas pelo prazer de sentir os ossos do guerreiro explodindo dentro de sua armadura, e assim matando o homem pelo seu próprio plano idiota. Mas ali havia um homem idiota de armas em punho.

Quando as costas do dragão atingiram o solo com força assustadora, cada homem da cidade que portava arma, disparou rumo a besta para finalizar sua vida nefasta.Mas o primeiro a chegar, ao cravar sua espada na carne do monstro, notou a falta de vida do ser imediatamente, pois ficou claro quando todos pararam de cravar insanamente suas lâminas no corpo do animal, que este já estava morto antes de qualquer um deles poder fazer qualquer coisa. A ponta prateada de uma espada reluzia no peito pálido do lagarto. Kanzer havia apontado o cabo da espada para o solo, e deixado que a própria maldade da criatura fosse seu algoz. Bom, foi o que gritaram todos. Porém, das cinzas de uma ruína próxima se ergueu Kanzer, todo arrebentado, com sua espada na mão, chamando pelo dragão. Todos fizeram silêncio. Que loucura fora esta? Nenhum homem estava mais na área próxima onde o dragão cairia. Que diabos havia acontecido?

Após apagar o incêndio e tratar os feridos, começaram a remoção da carcaça descomunal. E após uma semana e meia de trabalho, encontraram as armas abandonadas de um soldado de guarita. Um escudo amassado, e uma espada longa cravada até o fim do cabo nas costas do pior monstro que já cobriu o céu de Bergstrand.





Eram os equipamentos de Heldur. Mas quando todos os eventos se desenrolavam, este já estava longe. Assim que acordou e viu o dragão sobre a cidade, e a cidade em chamas, abandonou suas armas e se exilou na Floresta dos Desesperados. "Largo aqui, apoiados nesta parede, meus itens de trabalho, pois agora que falhei em minha tarefa, passo a outro que a ame e cumpra com mais dignidade que eu. Escolho o exílio na Floresta dos Desesperados, onde apenas as sombras de minha vida hão de restar nas folhas de outono." Estas foram as palavras que disse a sí mesmo quando abandonou seu posto. Para o povo da cidade, um herói. Para ele próprio, um desertor covarde. A Floresta o engoliu. Ninguém viu o destino de Heldur.



A Sina de Heldur- Parte 2



A Floresta dos Desesperados tem nome merecido. É o pior lugar da terra, e fica apenas a dois quilômetros do centro de Bergstrand. Heldur, o guerreiro, foi pra lá. De fora, parece uma floresta comum, do norte. Pinheiros e chorões, em uma terra úmida e escura. A neve liquefeita e a névoa dão ao lugar um aspecto de sujeira e desconforto muito apropriado. Ninguém jamais voltou de lá.

O ar era como uma massa densa que se poderia cortar à faca. Caminhar era como lutar contra um mundo hostil. À medida que Heldur se aprofundava nos meandros da mata, os sons iam surgindo. Primeiro os corvos, que não se podiam ver, mas apenas ouvir. Depois, gritos de bestas diversas, do tipo que não se vê em outros lugares. Dríades corriam pela mata, pequenas crianças da natureza. Fadas de todas as cores, que quando eram avistadas, fugiam rindo. Morcegos enormes pendiam das árvores. Basiliscos e salamandras levantavam as folhas caídas das árvores contorcidas. Era madrugada. Não se podia ver mais que cinco passos adiante. Então os sons pararam.

Heldur estava então em um charco. Suas botas atolavam na lama. Ele continuava caminhando, cada vez mais para dentro da Floresta dos Desesperados. A névoa cobria seus passos, mas ele sabia que andava entre lama e pedras. Algumas raízes tentavam prender seus pés, mas nada poderia impedir aquele homem de encontrar seu destino. De repente, um grito. Como que alguém que encontra a morte. Um grito forte, de homem em dores, de homem morrendo. Heldur já ouvira aquele grito antes, mas não tão alterado pelo medo... ou o medo era dele mesmo?

Heldur sacou sua faca e apertou o passo na direção do grito, que já cessara. Tentava andar sem fazer ruídos. Então algo estralou sob seu pé esquerdo. Havia pisado um crânio, que explodiu vencido pelo peso. O aventureiro olhou para baixo, e quando voltou sua visão para seu caminho, viu um belo unicórnio branco... com seu chifre cheio de sangue, que escorria fresco. No alto da árvore, o corpo do homem que emitira o grito estava pendurado em um galho sinuoso. Cada galho daquela árvore tinha um homem morto, seco... devorado por corvos e pequenas criaturas hediondas que Heldur nunca antes havia visto. O unicórnio havia desaparecido quando a vista do trágico herói se voltou novamente para o caminho. Como num pesadelo do qual não se acorda, Heldur estava só na mata, com os corpos de homens estranhos pendendo como frutos podres da árvore da morte. Não tinha o que ser feito. A única coisa que o triste soldado podia fazer era puxar da lama alguma das armas que caíram dos corpos quando foram depositados em seu mausoléu suspenso. Heldur tinha agora uma espada longa, como antes teve na guarda de Bergstrand. Olhou para a lâmina, tão diferente da que usava antes, mas ainda assim se lembrou dos tempos dourados em que se juntou ao grande exército das terras do norte. Apenas uma morna lembrança em uma mente gelada pela realidade triste de estar em um inferno verde. Caminhava de novo, mais para dentro da mata.

Foi então tomado por uma impressão de estar sendo observado. Já andava há uma hora, ou fazia uma semana? Não sabia dizer quanto andara, mas sentia que não saía do lugar. Tinha certeza de estar vendo aquela árvore pela quinta ou sexta vez. E a essa estranheza, se somou a sensação de estar sendo observado. Não era medo, definitivamente. Heldur não temia nada. Havia deixado o medo em Bergstrand, sob seu escudo e sua espada de guarda. Parou então, esperando por sinal de o que quer que estivesse ali nas trevas.

Pássaros saíram voando de todas as árvores, num estardalhaço cacofônico, gritando e batendo as asas vigorosamente... indo para longe. No meio da confusão de folhas voando e sons de fuga, Heldur sentiu o calafrio na espinha. Olhou para trás, e foi colhido por garras enormes de um ser gigante, que terminou a vida de Heldur em meio segundo. O pobre guerreiro não estava mais vivo quando atingiu o solo. Esta foi a triste sina de Heldur.



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- publicado às 7:39 AM -


Sunday, October 22, 2006


O Cavaleiro Escarlate



Eu sou o cavaleiro escarlate

Ela é a dama em meu peito(leito)

Eu tenho a chama que bate

Ela se veste de preto



Sente-se ao meu lado, amigo. Senti sua falta nestas noites que passei viajando pelas florestas e pelos vales. O peso dos dias se tornou meses e anos sobre meus ombros. Eles já encurvaram com a responsabilidade de meus atos. Você me conhece. Ou pelomenos me conheceu no tempo em que fui o cavaleiro escarlate. Você não soube o que aconteceu depois da última batalha, quando eu finalmente deixei de servir sob a mesma bandeira que ti. Então mataremos a saudade um do outro compartilhando esta pequena fogueira e um pouco de vinho.

Servi a dama de negro por anos que me foram muito felizes e hoje sou um exilado. Todos os perigos que pensei ter enfrentado por ela como sinal de fé e confiança terminaram num grande golpe. Hoje o reino é governado pela mágoa de decisões arrependidas.

Mas vou mais uma vez, como tantas, tentar me fazer ouvir pela triste dama. Sei que seus cães sabem meu cheiro e que seus soldados conhecem minhas cores, mas vou ainda assim. Pois se sou um guerreiro tenho de lutar, assim como é dever do muro ficar sobre seus alicerces. Se ela pensa que sabe porque quero voltar talvez seja dessa vez que ela entenda. E talvez um dia eu entenda que entre pessoas como nós só podem haver muros.



- publicado às 5:52 PM -


Saturday, October 21, 2006


Esse é meio velho... do tempo do outro blog...

se chama FAKE

Acordou aquela tarde com gosto de naftalina na boca. Lembrou de um namorado que teve lá pelos dezessete. O tempo passou bem rápido. As crianças cresceram bem rápido. Apesar que nas noites onde o mais velho chorava, a impressão era que aquilo nunca iria ter fim. Apalpou as banhas na cintura como quem repara nelas pela primeira vez. A cara de azedo faria você achar que ela comeu limão com casca, mas é só a impressão de estar no lugar errado que veio deformar seu rosto redondo.
As plantas de plástico pela casa não são coisa do marido. Ele nem liga pro que ela pendura na casa ou no corpo. Está domindo faz tempo. Acordou cedo pra botar o arroz que ela fez ficar soltinho, na mesa e a carne que ela bateu até ficar macia, do lado. Não era assim aos vinte e poucos, mas ela imaginava que seria parecido... só não tinha esse gosto, ela lembra. Tinha gosto de rotina matinal. De pão com manteiga na chapinha... de leite fresco de saquinho. Naftalina??? Pra que? Pra deixar aquela lembrança azeda entortar sua cara? Melhor tomar o copo d'água e ir deitar.
A geladeira é a mesma ainda. Comprou pra morar na república que fazem anos que não mora mais. O provisório é permanente pra quem aposta na sorte. O azar parece certo e permanente. Ela abre e tira da jarra vermelha o suco artificial que dizia "pêssego". Seus seios eram como o pêssego. Agora parecem mais a imitação que ela engole. Não fez a sobrancelha hoje. As pontinhas duras estão pulando da testa. Quem notava? O gosto de naftalina passou. Talvez até as papilas gustativas tenham enrugado e secado depois de tanta química. Mas a lembrança que trouxe o gosto, ela pensa, também não falou um dia sequer que gostava quando ela fazia a sobrancelha. O que ronca também não falou que gostava quando fazia, mas uma vez comentou com um amigo e ela ficou sabendo, que ela tinha uma taturana na cara.
Releva-se tudo por amor. O amor também muda de gosto. O primeiro parece maçã. O próximo tá mais pra ki-suco... mas quem liga? O que importa é que pareça de verdade.
Ela fecha a geladeira e vai dormir. A cama não é de madeira também...

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---Ler ele hoje não tem o mesmo sabor também.---


 


- publicado às 11:35 PM -


Tuesday, October 17, 2006


Havia um monstro no armário de Beto. O garoto estava apavorado com aquilo. A porta entreaberta, as sombras projetadas da janela, as roupas no cabide e os brinquedos na estante emolduravam de uma forma sombria o abominável ser que ocupava seu armário infantil. Mas era medonho demais! Tinha olhos vermelhos, e onde o nosso olho é branco, o dele era negro. Os dentes amarelos saltavam da bocarra, e o nariz escorria o tempo todo algo purulento. Estava encolhido no armário, porque era mesmo muito grande para aquele móvel.

O garoto estava tentando cobrir o rosto com o lençol, como se fosse este, feito de aço e pudesse mantê-lo longe das garras da besta assassina que estava em seu armário. O pavor o emudeceu, e paralisou suas pernas, tamanho fascínio exercido pela imagem do monstro em seu quarto. Então o ser execrável se moveu. Um passo para fora do armário. E então respira fundo... pesado... a baba pende em cordas de sua boca. Aí vem um barulho lá de fora. Os pais do menino Beto. Mas já vão pro quarto, e não passam mais perto que oito passos do quarto do menino.

O monstro volta a andar. Agora o garoto crê que o monstro teme os pais dele, e então toma coragem para gritar. O ser então nota que o pequeno vai gritar, e salta por cima da cama, atingindo a cabeça do garoto com as patas traseiras, explodindo o pequeno crânio infantil num estampido surdo. Ele come as tripas quentes do garoto, silenciosamente. O seu salto já fez muito barulho. Então, depois de uns vinte minutos, a carne esfria, e o monstro volta para o armário.



 


- publicado às 2:26 PM -


Monday, October 16, 2006


Numa dessas tardes preguiçosas de outono, sentado numa praça de cidade do interior, estava Jacó. Um senhor grisalho, com memórias de mais de sessenta anos em sua mente. Os pombos estavam aos seus pés, ciscando as migalhas de pão seco que esfarelavam entre os dedos de dele.

Sentia os farelos correndo entre os dedos, quando uma daquelas memórias tomou sua mente. Era Lucia em seu vestido branco, na festa de aniversário do irmão dela. Jacó era visinho dela, e muito amigo de seu irmão, Lucas. A festa se passou quando Jacó ainda tinha sete anos, mas é a memória mais vívida que ele tem. Como se a cabeça dele tivesse reservado um canto bem calmo, onde essa lembrança não pudesse ser arranhada, ela foi conservada em seus mínimos detalhes. Cada renda no vestido de Lucia tinha sua sombra; cada cacho nos cabelos dela tinha seu brilho; cada luz, sua intensidade, e tudo tinha sabor doce de infância.

Jacó afasta essa memória de seu pensamento, então. Os pombos fazem muita sujeira



 


- publicado às 7:57 PM -




Nostalgia total. Quem qusier ler o que escreví em meu primeiro "punkmedieval" que era no falecido HPG, tenho um excerto aquí.
Se chama.

12 anos

Por pele de pêssego passeia a mão desajeitada. Desliza entre montes rózeos cobertos de pelugem fina, como a leve cerração de uma manhã no sul. Morna e macia, e trêmula também. Lábios que balbuciam o indizível dezejo carnal. Lábios que tremem e são mordidos por dentes brancos quando o corpo é tomado por mais mãos. E por cima deste corpo, outro serpenteia. A mão descontida busca tocar o objeto de desejo para então se entregar completamente.

Os corpos dançam como um só, em ritmo variante. Hora como uma respiração profunda. Hora como um arfar selvagem. Então estes corpos se entrelaçam e tomam formas estranhas, como monumentos vivos ao prazer. Talvez o tempo realmente pare para ver o que acontece, porque é impossível dizer o quanto passou. Os corpos suados então se enrijescem e tremem, com suspiros de alívio e satisfação, por saber que aquilo foi real.

Então um deles se levanta e se senta para fumar um cigarro, quando a polícia entra e prende o sujeito que acabou de fazer sexo com uma protituta de doze anos. Seria um bom Wisky, se não fosse crime.

----------Espero que tenha causado profundo desgosto-------------------------
Na verdade, é um dos meus contos preferidos... se bem q não é exatamente um conto...
Enfim.
PUM!

 


- publicado às 2:07 PM -


Saturday, October 14, 2006


Pois É... PenSEM Em UM HoRóScOpo ZuAdo. EssE Eu PguEI Faz Um TEMPO.
NÃo TenteM Me MataR PeLO Que TÁ EScrITO.
Mas TEM UmA Ou Duas Coisas salvÁveIS:

Aquário (23 jan a 22 fev)
Você tem uma mente inventiva e dirigida para o progresso. Você mente um monte. Você comete os mesmos erros repetidamente porque é estúpido. Todo mundo acha que você é o mais completo idiota.

Peixes (23 fev a 22 mar)
Você é do tipo pioneiro e pensa que a maioria dos outros são uns cabecas de bagre. Você é rápido para reprimir os outros, impaciente e cheio de conselhos. Você não faz nada além de encher o saco de todos que se aproximam de você. Você é o cabeca de bagre.

Áries (23 mar a 23 abr)
Você tem uma imaginacão fértil e frequentemente pensa que está sendo seguido pela polícia. Você não consegue realmente influenciar ninguém apesar de ficar o tempo todo tentando exibir seu poder. Você não tem autoconfianca e é em geral uma merda.

Touro (23 abr a 22 mai)
Você é prático e persistente. Você tem uma determinação canina e trabalha como um condenado. A maioria das pessoas pensa que você é um teimoso cabeca-dura. Você não é nada além de um maldito comunista.

Gêmeos (23 mai a 22 jun)
Você tem um raciocínio rápido e é inteligente. As pessoas gostam de você porque você é bissexual. Você tem tendência a esperar muito de muito pouco. Isto significa que você é um filho da puta barato. Geminianos costumam ter muito sucesso no incesto.

Câncer (23 jun a 22 jul)
Você é solidário e compreensivo com os problemas das outras pessoas, o que faz de você um xarope. Você sempre está pondo as coisas para fora. É por isso que você está sempre numa boa, apesar de não valer nada. Todo mundo na prisão é de câncer.

Leão (23 jul a 22 ago)
Você se considera um líder natural. Os outros acham você um idiota completo. A maioria dos leoninos são agressivos. Você é vaidoso e não suporta críticas. Sua arrogância é enojante. As pessoas de leão são ladrões e filhos da puta.

Virgem (23 ago a 22 de out)
Você é do tipo lógico e odeia desordem. Sua atitude de cata-merdas é enojante para seus amigos e colegas de trabalho. Você é frio, não tem emoções e frequentemente dorme enquanto está trepando. Virginianos dão bons motoristas de ônibus e cafetões.

Libra (23 set a 22 out)
Você é do tipo artístico e tem dificuldades em lidar com a realidade. Se é homem provavelmente é meio veado. Suas chances de sucesso profissional e fortuna são nulas. A maioria das mulheres de libra são putas. Todos os librianos morrem de doenças venéreas.

Escorpião (23 de out a 22 nov)
Você é o pior de todos. Você é traicoeiro nos negócios e ninguém deve confiar em você. Você talvez atinja o sucesso financeiro através da sua total falta de ética. Você é o perfeito filho da puta. A maioria dos escorpiões deveria ser eliminada.

Sagitário (23 nov a 22 dez)
Você é otimista e entusiástico. Você tem uma forte tendência a confiar na sorte, uma vez que não possui nenhum talento. A maioria dos sagitarianos é composta de bêbados. Você não vale um pedaço de merda.

Capricórnio (23 dez a 22 jan)
Você é conservador e tem medo de correr riscos. Você é basicamente um merda. Nunca houve um capricorniano que tivesse qualquer importância. Você devia se suicidar.


PUM


- publicado às 3:00 PM -




Saca... TOu MUitO EstrANhO HojE Pra EScReVeR Algo No míNimo De InteliGibILIDdade. Quem Nâo
EntEndEr, NovAMente Fique Em Casa E ESPere EssA Merda DE CorAçÃo que caiu do Meu PEItO Voltar
A BaTER.

É SÁBado e Num teNHo Nem IDÉIa do QuE Vai AcONTecer Com A Pessoa QUE tem Meu penSAMENTO
o tempo TOdo CoNSIgO.

SÓ.

só SÓ.

quE MerDa... 


- publicado às 2:44 PM -


Tuesday, October 10, 2006


pARA COMEÇO DE CONVERSA, ESSE NÃO É UM BLOG A RESPEITO DE rpg, mÚSICA cELTA
OU gNOMOS DA 5° dIMENÇÃO. bEM... MAS PODE SER QUE eU mUDE DE iDÉIA.
pOR HORA, VAMOS NOS CENTRAR NA IDÉIA DE DEFINIR ESTE CONCEITO TÃO cOMPLEXO
QUE É O punkMEDIEVAL.
cULTURA punk, SEGUNDO A NOVA ONDA PSEUDO-INTELECTUAL DENOMINADA wikipedia É:Denomina-se cultura punk os estilos dentro da produção cultural que possuem certas características comuns àquelas ditas punk, como por exemplo o princípio de autonomia do faça-você-mesmo, o interesse pela aparência tosca e agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a subversão da cultura. Entre os elementos culturais punk estão: o estilo musical, a moda, o design, as artes plásticas, o cinema, a poesia, e também o comportamento (podendo incluir ou não princípios éticos e políticos definidos), expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de comunicação.
tAÍ. e MEDIEVAL? tAMBÉM CONFORME A NOSSA COLEGA wikipedia:A Idade Média foi um período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.
tÁ. aTÉ AÍ SEM NOVIDADES. mAS SE A CULTURA MEDIEVAL ESTAVA AINDA LIGADA AOS
PRINCÍPIOS MONÁRQUICOS pré-bugueses, O QUE ISSO TERIA A VER COM O MOVIMENTO punk? o punk, APESAR DE MUITOS
NÃO ACEITAREM,´COMEÇOU COMO UMA MODINHA DE BOUTIQUE (olha! não mudou tanto assim) E SEU APELO
ESTÉTICO INFLUENCIOU MILHARES DE JOVENS A qUESTIONAR OS vALORES DA sociedade,
COMO A monarquia E A democracia CAPITALISTA. bOM, O punk-MEDIEVAL É Um TRECO assim... vOCÊ JOGA ad&d E cURTE UMA TOSQUEIRA. aLCOOL, vIDEOGAME E mÚSICA cELTA. gNOMOS DA 5° dIMENÇão E TUDO MAIS.
sE VOCÊ NÃO ENTENDEU NADA, bem_vindo ao PUNKmedieval!



- publicado às 2:37 PM -


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