Tuesday, October 17, 2006
Havia um monstro no armário de Beto. O garoto estava apavorado com aquilo. A porta entreaberta, as sombras projetadas da janela, as roupas no cabide e os brinquedos na estante emolduravam de uma forma sombria o abominável ser que ocupava seu armário infantil. Mas era medonho demais! Tinha olhos vermelhos, e onde o nosso olho é branco, o dele era negro. Os dentes amarelos saltavam da bocarra, e o nariz escorria o tempo todo algo purulento. Estava encolhido no armário, porque era mesmo muito grande para aquele móvel.
O garoto estava tentando cobrir o rosto com o lençol, como se fosse este, feito de aço e pudesse mantê-lo longe das garras da besta assassina que estava em seu armário. O pavor o emudeceu, e paralisou suas pernas, tamanho fascínio exercido pela imagem do monstro em seu quarto. Então o ser execrável se moveu. Um passo para fora do armário. E então respira fundo... pesado... a baba pende em cordas de sua boca. Aí vem um barulho lá de fora. Os pais do menino Beto. Mas já vão pro quarto, e não passam mais perto que oito passos do quarto do menino.
O monstro volta a andar. Agora o garoto crê que o monstro teme os pais dele, e então toma coragem para gritar. O ser então nota que o pequeno vai gritar, e salta por cima da cama, atingindo a cabeça do garoto com as patas traseiras, explodindo o pequeno crânio infantil num estampido surdo. Ele come as tripas quentes do garoto, silenciosamente. O seu salto já fez muito barulho. Então, depois de uns vinte minutos, a carne esfria, e o monstro volta para o armário.
- publicado às 2:26 PM -
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